quinta-feira, 8 de agosto de 2013

VIDA ESPÍRITA

Espíritos Errantes

      223. A alma se reencarna imediatamente após a separação do corpo?
     Às vezes, imediatamente, mas, na maioria das vezes, depois de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação é quase sempre [mediata. A matéria corpórea sendo menos grosseira, o Espírito encarnado goza de quase todas as faculdades do Espírito. Seu estado normal é o dos vossos sonâmbulos lúcidos.
      224. O que é a alma, nos intervalos das encarnações?
      Espírito errante, que aspira a um novo destino e o espera.
      224 – a) Qual poderá ser a duração desses intervalos?
      De algumas horas a alguns milhares de séculos. De resto, não existe, propriamente falando, limite extremo determinado para o estado errante, que pode prolongar-se por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem sempre a oportunidade, cedo ou tarde, de recomeçar uma existência que sirva à purificação das anteriores.
      224 – b) Essa  duração está subordinada à vontade do Espírito, ou pode lhe ser imposta como expiação?
      — É uma conseqüência do livre-arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem, mas para alguns é também uma punição infligida por Deus. Outros pedem o seu prolongamento para prosseguir estudos que não podem ser feitos com proveito a não ser no estado de Espírito.
        225. A erraticidade é, por si mesma, um sinal de inferioridade entre os Espíritos?
      — Não, pois há Espíritos errantes de todos os graus. A encarnação é um estado transitório, já o dissemos. No seu estado normal, o Espírito é livre da matéria.
         226. Pode-se dizer que todos os Espíritos não-encarnados são errantes?
      — Os que devem reencarnar-se sim; mas os Espíritos puros, que chegam à perfeição, não são errantes: seu estado é definitivo.
Comentário de Kardec: No tocante à suas qualidades intimas, os Espíritos pertencem a diferentes ordens ou graus, pelos quais passam sucessivamente, à medida que se purificam. No tocante ao estado, podem ser encarnados, que quer dizer ligados a um corpo; errantes, ou desligados do corpo material e esperando uma nova encarnação para se melhorarem; Espíritos puros ou perfeitos e não tendo mais necessidade de encarnação.
          227. De que maneira se instruem os Espíritos errantes; pois certamente não of azem da maneira que nós?
    — Estudam o seu passado e procuram o meio de se elevarem. Vêem, observam o que se passa nos lugares que percorrem; escutam os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporciona idéias que não possuíam.
        228. Os Espíritos conservam algumas das paixões humanas?
    — Os espíritos elevados, ao perderem o seu invólucro, deixam as más paixões e só guardam a do bem; mas os Espíritos inferiores as conservam, pois de outra maneira pertenceriam à primeira ordem.
         229. Por que os Espíritos, ao deixar a Terra, não abandonam as suas más paixões, desde que vêem os seus inconvenientes?
     — Tens nesse mundo pessoas que são excessivamente vaidosas. Acreditais que, ao deixa-lo, perderão este defeito? Após a partida da Terra, sobretudo para aqueles que tiveram paixões bem vivas, resta uma espécie de atmosfera que os envolve guardando todas essas coisas más, pois o Espírito não está inteiramente desprendido. É apenas por momentos que ele se entrevê a verdade, como para mostrar-lhe o bom caminho .
       230. O Espírito progride no estado errante?
      Pode melhorar-se bastante, sempre de acordo com a sua vontade e o seu desejo; mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas idéias adquiridas.
      231. Os Espíritos errantes são felizes ou infelizes?
      Mais ou menos, segundo os seus méritos. Sofrem as paixões cujos germes conservaram, ou são felizes, segundo a sua maior ou menor desmaterialização. No estado errante, o Espírito entrevê o que lhe falta para ser feliz. É assim que ele busca os meios de o atingir; mas nem sempre lhe é permitido reencarnar à vontade, e isso é uma punição.
      232. No estado errante, os Espíritos podem ir a todos os mundos?
      Conforme. Quando o Espírito deixou o corpo, ainda não está completamente desligado da matéria e pertence ao mundo em que viveu ou a  um mundo do mesmo grau; a menos que, durante sua vida, se tenha elevado. Esse é o objetivo a que deve voltar-se, pois sem isso jamais se aperfeiçoaria. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores, passando por eles como estrangeiro. Nada mais faz do que os entrever, e é isso que lhe dá o desejo de se melhorar para ser digno da felicidade que neles se desfruta e poder  habitá-los.
      233. Os Espíritos já purificados vêm aos mundos inferiores?
      Vêm freqüentemente, afim de os ajudar a progredir. Sem isso, esses mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias para os orientar.




Mundos Transitórios

      234. Existem, como foi dito, mundos que servem de estações ou de lugares de repouso aos Espíritos errantes?
      Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, espécie de acampamentos, de lugares em que possam repousar de erraticidades muito longas, que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre os mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem atingi-los, e que neles gozam de maior ou menor bem-estar.
      234 – a) Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los à vontade?
     Sim, os Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, para seguir o seu destino. Figurai-os como aves de arribação descendo numa ilha, para recuperarem suas forças e seguirem avante.
      235. Os Espíritos progridem durante essas estações nos mundos transitórios?
      Certamente. Os que assim se reúnem têm o fito de se instruírem e poder mais facilmente obter a permissão de ir a lugares melhores até chegar à posição dos eleitos.
      236. Os mundos transitórios são, por sua natureza especial, perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?
      Não, sua posição é apenas temporária.
      236 – a) São eles ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?
      Não, sua superfície é estéril. Os que os habitam não precisam de nada.
      236 – b) Essa esterilidade é permanente e se liga à sua natureza especial?
      Não; são estéreis transitoriamente.
      236 – c) Esses mundos seriam, então, desprovidos de belezas naturais?
      A Natureza se traduz, pelas belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do que as que chamais belezas naturais.
      236 – d) Sendo transitório o estado desses mundos, a Terra terá um dia de estar entre eles?
      Já esteve.
       236. e) Em que época?
      Durante a sua formação.
Comentário de Kardec: Nada existe de inútil na Natureza: cada coisa tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo é habitado, a vida se expande por toda parte. Assim, durante a longa série de séculos que se escoou antes da aparição do homem sobre a Terra, durante os lentos períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido caos em que os elementos se confundiam, não havia ausência de vida. Seres que não tinham as nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali encontravam refúgio. Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse para alguma coisa. Quem, pois, ousaria dizer que, entre os bilhões de mundos que circulam na imensidade, apenas um, e um dos menores, perdido na multidão, teve o privilégio exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros? Deus só os teria feito para recrear os nossos olhos? Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissíveis quando se pensa em todas as que não podemos perceber. Ninguém poderá negar que há, nesta idéia dos mundos ainda impróprios para a vida material, e, entretanto, povoados de seres apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e sublime, onde talvez se encontre a solução de mais de um problema.

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