quinta-feira, 8 de agosto de 2013

RELAÇÃO ESPÍRITO/PERISPIRITO/CORPO



Introdução ao estudo do Corpo Espiritual

É já de muitas eras a intuição do homem acerca da existência do que hoje chamamos de Perispírito.

Entre
os homens primitivos, no alvorecer da humanidade, dão-lhe o estranho
nome de Corpo Sombra; nas apreciáveis lições do Vedanta apareceu como
Manu, Maya e Kosha, era conhecido no Budismo esotérico por Kama – rupa,
enquanto no Hermetismo egípcio surgiu na qualidade de Kha ou Kã, para
avançar, na Cabala hebraica, como manifestação de Rouach. Chineses,
gregos e latinos tinham conhecimento de sua realidade, identificando-o
seguramente. Pitágoras, mais afeiçoado aos estudos metafísicos,
denominava-o carne sutil da alma, e Aristóteles, na sua exegese do
complexo humano, considera-o corpo sutil e etéreo. Os neoplatônicos, de
Alexandria, dentre os quais Orígenes, identificava-o como aura;
Tertuliano, o gigante inspirado da Apologética, nele via o corpo vital
da alma, enquanto Proclo o caracterizava como veículo da alma, definindo
em cada expressão os atributos de que o consideravam investido. Paulo
de Tarso designava-o Corpo Celeste, e na cultura moderna, Paracelso, no
século XVI, detectou-o sob a designação de corpo astral. Logo depois,
substituindo os conceitos panteístas de Spinoza pela teoria dos “átomos
espirituais ou mônadas”, surpreendeu-o dando a denominação de corpo
fluídico.

Mas foi só com “O Livro dos Espíritos” que surgiu na história do pensamento, a

primeira descrição racional e objetiva do Perispírito.

É na questão 93 da referida obra que o Codificador começa a tratar do tema, fazendo a seguinte pergunta aos Espíritos:



O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer? Ao que eles nos respondem:

Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.

E em uma observação própria, logo abaixo, Kardec comenta: Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

Podemos então afirmar que, a partir do entendimento da explicação de Kardec, o perispírito é o corpo do Espírito. É com ele que a individualidade espiritual apresenta-se quando desencarnada ou em desdobramento.

É formado do fluido universal de cada globo, por isso não é igual em todos os mundos.

Sobre este fluido nos afirmam os Espíritos, ser ele a matéria básica do Universo, e é de suas inumeráveis transformações que surgem os envoltórios perecíveis do Espírito: o corpo e o perispírito.

Desta forma, entendemos que o corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No Perispírito, a transformação na natureza do fluido se opera diferentemente, porquanto este conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas.

Evolui com o Espírito, à medida que este aperfeiçoa-se moralmente. Quando passa de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, ou seja, muda a constituição do perispírito.

Quanto à sua forma, devido às suas propriedades que vamos estudar mais adiante, o corpo espiritual toma a que o Espírito queira, desde que este possua elevação para tal. Caso contrário, sob a influência das leis que regem o mundo mental, ou sob a ação de entidades cruéis, como acontece nos processos de zoantropia e licantropia , pode haver alterações na forma perispiritual, independente da vontade do Espírito.

Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho

Centro Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO - 1997

FUNÇÕES E PROPRIEDADES DO PERISPÍRITO
Funções

O perispírito é a estrutura modeladora, organizadora e gerenciadora do corpo físico; molde energético onde se encontram os mecanismos responsáveis por todas as funções orgânicas, desde a seleção dos princípios hereditários até a organização da célula ovo e seu desenvolvimento num organismo complexo. Ele contém a matriz filogenética das principais etapas evolutivas do ser.

Em seu bojo se radicam os centros funcionais que dirigem e controlam as emissões arquetípicas do inconsciente profundo, geradoras das funções fisiopsíquicas dos seres vivos, mais especificamente da espécie humana, onde se apresentam altamente complexas e refinadas.

Estando portanto sediadas nele, as gêneses patológicas de distúrbios dolorosos quais a esquizofrenia, a epilepsia, o câncer de variada etiologia, o pênfigo que em momento próprio favorece a sintonia com microorganismos que se multiplicam desordenadamente e tomam de assalto o campo físico através de sintonias próprias, ensejando a aceleração das perturbações psíquicas de largo porte.

É ainda o veículo onde são gravados os resultados do processo evolutivo do homem, isto é, o fruto das interações dos seres com o meio ambiente em sua globalidade.

As experiências existenciais, repetidas, são neles fixadas como reflexos condicionados psicossomáticos, tornando-se substratos condutores dos processos mentais e fisiológicos.

Através dos estudos mediúnicos contemporâneos, bem como das reflexões de notáveis pesquisadores e pensadores espiritistas de ontem e de hoje, constatamos que as atividades do perispírito abrangem inclusive a dimensão psicológica, sendo não só responsável pelo controle do automatismo fisiológico, mas sediando igualmente o registro dos fatos de ordem psíquica, como a memória, os inconscientes passado e atual, enfim, todos os fenômenos mentais.


Como sede da memória, garante a conservação intacta da individualidade, através da esteira das reencarnações. Se faz responsável também pela transmissão ao Espírito das sensações que o corpo experimenta, como ao corpo informa das emoções procedentes das sedes do Espírito, em perfeito entrosamento de energias entre os centros vitais ou de força, que controlam a aparelhagem fisiológica e psicológica e as reações somáticas, que lhes exteriorizam os efeitos do intercâmbio.

Propriedades

O perispírito, por sua tessitura, organização, flexibilidade e expansibilidade, fornece inúmeras condições de ação ao Espírito, mesmo quando encarnado, condições essas que podemos chamar de propriedades do perispírito, sem, com isso, desconhecermos que o propulsor de toda e qualquer ação é o Espírito.

Para que essas propriedades se tornem evidentes, é necessário se atenda às leis dos fluidos, no que tange as suas condições de afinidade, quantidade necessária e qualidade dos fluidos, além de em alguns casos, o conhecimento e a elevação moral do Espírito que manuseia tais fluidos. Sinteticamente, teríamos: aparições, tangibilidade, penetrabilidade, transfiguração, e emancipação.

Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível, tendo isso de comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir, mas que nunca vimos. Pode também como alguns fluidos, sofrer modificações que o tornam perceptível à vista, quer por uma espécie de condensação, quer por uma mudança na disposição molecular. Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível e retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível.


Matéria nenhuma lhe opõe obstáculo; ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. Daí vem que não há como impedir que os Espíritos entrem num recinto inteiramente fechado. Eles visitam o preso no seu cárcere tão facilmente como visitam a um que está no campo a trabalhar.

O perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos desencarnados. Ele não se acha confinado no corpo; irradia e forma em torno deste uma espécie de atmosfera fluídica. Ora, pode suceder que, em certos casos e dadas as mesmas circunstâncias, ele sofra uma transformação análoga à já descrita: a forma real e material do corpo se desvanece sob aquela camada fluídica , se assim podemos exprimir, e toma por momentos uma aparência inteiramente diversa, mesmo a de outra pessoa ou a do Espírito que combina seus fluidos com os do indivíduo, podendo também dar a um semblante feio um aspecto bonito e radioso. Tal fenômeno se designa pelo nome de transfiguração, e é produzido, principalmente, quando as circunstâncias ocorrentes provocam mais abundante expansão de fluido.

A emancipação da alma é a propriedade que o Espírito tem de se desprender do corpo no instante em que este dorme. Aproveita-se o Espírito (através do perispírito) do repouso do corpo e dos momentos em que sua presença não é necessária para atuar isoladamente e ir aonde quiser, no gozo, então, de sua liberdade e da plenitude das suas faculdades.

A independência e a emancipação da alma se manifestam, de maneira evidente, também, no fenômeno do sonambulismo natural e magnético, na catalepsia e na letargia.

A faculdade de emancipar-se e de desprender-se do corpo durante a vida pode dar lugar a fenômenos análogos aos que os Espíritos desencarnados produzem. Enquanto o corpo se acha mergulhado em sono, o Espírito, transportando-se a diversos lugares, pode tornar-se visível e aparecer sob a forma vaporosa, quer em sonho, quer em estado de vigília. Pode igualmente apresentar-se sob forma tangível, ou, pelo menos, com uma aparência bem idêntica à realidade. Esse fenômeno, aliás muito raro, é que se denomina de bicorporeidade.

Por muito extraordinário que seja, tal fenômeno, como todos os outros, se compreende na ordem natural das coisas, pois que decorre das propriedades do perispírito e de uma lei natural.

Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho

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